Frutificai #04: Procrastinação: você pode estar tomando um veneno para lidar com ela
Um sinal de que você é um bom procrastinador é que você está ocupado demais.
🍃VOCÊ VAI GOSTAR DE…
Uma prática simples, mas útil. Para quem precisa de uma rotina de estudo das línguas originais das Escrituras.
Fazendo uso de um diálogo entre Paul McCartney e George Harrison para ter uma ferramenta contra a procrastinação.
Esse artigo realmente mudou meu uso do celular, especialmente quando estou conversando com alguém.
Você sabe o que deveria fazer, ou o que deveria estar feito, mas ainda está ali: a pilha de louça suja ou de papéis, emails e mensagens sem resposta e sua lista de tarefas “prioritárias” e “urgentes” que nunca para de crescer.1
Por que apenas não fazer o que sei que deveria fazer?
Ladrões de produtividade
Certamente, há dois obstáculos para a produtividade.
O primeiro é mais facilmente reconhecido: a preguiça. Procrastinar com a aba do YouTube aberta ou rolando o feed de um aplicativo de vídeos curtos já se parece mais com um modo de vida do que com um vício.
Mas há outro obstáculo, na verdade um inimigo, que rouba nossa produtividade de modo muito mais sutil: é a superocupação. Estar sempre ocupado, quando visto com clareza, pode ser apenas mais um modo de não fazer o que você devia.
Se o conceito de produtividade que temos em vista não é “fazer mais”, mas principalmente “fazer mais e melhor”, não podemos deixar nos enganar por uma agenda em que dizemos “Não tenho tempo” para o que mais devíamos dar atenção.
Em outras palavras, ao tentar tomar um remédio para a produtividade, você pode, em vez disso, estar tomando um veneno ao ingerir exatamente aquilo que está te mantendo distante de realizar o que devia.
Mentiras que um procrastinador conta pra si mesmo
“Realizar aquilo que devia” é o que buscamos mascarar com a sensação de que estamos ocupados.
Em vez de buscar ser diligente, permaneço sempre ocupado para que não precise demandar muito tempo a ponto de ficar entediado ou ter de me comprometer verdadeiramente.
Em vez de ser fiel, faço um malabarismo com a expectativa de outros sobre mim para que minha falta de compromisso com o bem dos outros e com a glória de Deus permaneça escondida por debaixo da minha exaustão cheia de autopiedade.
Em vez de ser frutífero, faço da minha lista de tarefas um trabalho estéril: (1) que não resulta em bem algum; (2) que faz das relações de trabalho uma mera formalidade em vez de oportunidade de ser um pacificador; (3) que faz mau uso dos talentos que o Senhor Jesus me deu de modo a nunca multiplicá-los em mais bem.
E é fácil se enganar com tudo isso. Como lembra o pastor Tim Challies, “De alguma maneira, acreditamos que nosso valor está ligado a quanto estamos ocupados”.
Uma palavra sobre perfeccionismo
Estou descobrindo em mim um perfeccionista que não sabia existir. Boa parte de me manter ocupado com outras coisas está relacionado a eu não me sentir pronto a fazer o que devia (e a história dessa Newsletter tem muito a ver com isso).
O medo de errar, ou de descobrirem que você não é quem pensam ser (síndrome do impostor), está na raiz do problema de muitos procrastinadores.
Isso me lembra uma conversa que ouvi outro dia, e que ilustra bem como o perfeccionismo resulta em autossabotagem e procrastinação. Em um diálogo sobre os resultados da Copa do Mundo no Qatar, alguém diz: “Bem, eu realmente acho que é melhor ficar em terceiro lugar na Copa do Mundo do que perder a final.” Você percebe?
Uma palavra sobre o controle de sua vida
Mas aqui as coisas se tornam repentinamente mais difíceis. O medo de queimar sua reputação pode estar na raiz da procrastinação, mas, em última instância, não é a raiz real. Há um problema mais profundo: o desejo de estar no controle de sua vida.
Em última instância, o medo de errar não é remediado pela autoconfiança, mas por uma confiança mais segura: confiança na rica sabedoria de Deus, que nos chama a frutificar seja você uma dona de casa ou um CEO, um entregador de correspondências ou um pastor.
Procrastinação tem muito a ver com nosso esforço em manter a sensação de controle sobre a vida. “Posso fazer isso depois”, “Se eu começar a fazer isso X dias ou X horas antes do prazo, conseguirei terminar a tempo”.
Aqui está um fato bruto: você não controla sua vida. (Para mais informações, leia Eclesiastes.)
É por isso que a autoconfiança deve ser substituída por um tipo específico de confiança em Deus: confiança submissa. É preciso adotar como critério de produtividade a obediência ao padrão ético do evangelho nas relações familiares e de trabalho, o que, por sua vez, só é possível quando entendemos o lugar da nossa performance à luz da obra perfeita de Jesus. Em outras palavras, temos uma necessidade anterior e interior: reconhecer o senhorio de Jesus sobre todas as coisas.
3 estratégias para acabar com a procrastinação
Sem deixar para depois, estas são algumas dicas simples para passar a fazer mais e melhor:
Faça primeiro o que é importante. Se você nunca começar pelo que é importante, você vai gastar todo o seu tempo apagando fogo ou procurando outros problemas para resolver.
Limite o número de trabalhos em andamento. Você não é multi-tarefa, você é distraído.
Resista a prioridades medianas. (1) Quando algo é importante, mas concorrerá com o que você deve fazer, delegue. Às vezes você ficará apavorado só de pensar nisso, por achar que não saberão fazer como você. Trabalho também tem a ver com relacionamento, de modo que isso será uma ótima oportunidade para vocês dois crescerem em muitos aspectos diferentes. (2) Quando a tarefa não é importante, aprenda a dizer não. Você não é senhor do tempo. Nossos dias de vida são dádivas das mãos de Deus. Então, administremos com fidelidade aquilo que não nos pertence.
Vamos continuar essa conversa? Qual vilão é mais ameaçador para você: preguiça ou procrastinação?
Ah! Antes que você termine a leitura deste email, quero pedir uma ajuda sua (sem deixar para depois, ok?). Compartilhe Frutificai com alguém que gostaria de ler e pensar sobre o que temos conversado.
Abner Arrais
🌰 FRASE DA SEMANA
“O que enche nossos afazeres de significado é o fato de que Deus nos chamou para a manutenção do shalom estabelecido na criação e para a antecipação do shalom perfeito a ser consumado na nova criação”.
Bernardo Cho, Trabalho, propósito e descanso
Dedico esta edição a meu irmão em Cristo que salvou um texto sobre procrastinação para ler depois. Você não está só.