Frutificai #08 - A propósito de combater o bom combate, completar a carreira e guardar a fé
Tim Keller (1950-2023)
O Rev. Tim Keller partiu para o Senhor na última semana.
Os livros e sermões de Keller tiveram um impacto imenso sobre mim no início de minha vida adulta: que tipo de igreja pertencer, que tipo de homem ser, que tipo de trabalho realizar, que tipo de família construir, como usar minha mente para o bem comum e para a glória de Deus.
O Pr. Pedro Pamplona gravou um podcast em que fala do impacto da visão de Keller sobre o trabalho, que indico aqui:
Para mim, a palavra que caracteriza a obra de Keller é “evangelho”. O modo como Keller relacionava o evangelho a todas as coisas foi fundamental para a ideia o Frutificai, em que produtividade, antes de ser um ferramental de eficiência, é uma ética teológica do trabalho.
Sua importância tem sido reconhecida por muitos. Um antigo editor da revista Christianity Today disse a respeito de Keller: “Daqui a cinquenta anos, se os cristãos evangélicos forem amplamente conhecidos por seu amor pelas cidades, seu compromisso com a misericórdia e a justiça e seu amor ao próximo, Tim Keller será lembrado como um pioneiro desses novos cristãos urbanos”.
Em seu, Como integrar fé e trabalho, ele relaciona a dinâmica descanso-trabalho que está por trás de nossa da frutificação como símbolo da visão bíblica do trabalho:
Respeitar o sábado [Sabbath] é um modo disciplinado e fiel de lembrar que não é você quem mantém o mundo girando, que sustenta sua família, nem tampouco realiza seus projetos de trabalho.
Por fim, quero deixar uma breve citação, do mesmo livro, que nos ajuda a enxergar nossa vocação a serviço de Deus:
Quando afirmamos que os cristãos trabalham a partir de uma cosmovisão bíblica, isso não significa que vivem falando sobre os ensinos da Bíblia no local de trabalho. Algumas pessoas acham que o evangelho é algo que devemos “enxergar” no trabalho. Se fosse assim, os músicos cristãos deveriam tocar música cristã, os escritores cristãos deveriam escrever histórias de conversão e os executivos cristãos deveriam trabalhar em empresas que ofereçam produtos e serviços cristãos para clientes cristãos. É verdade que alguns cristãos que trabalham nessas áreas fariam bem, às vezes, em agir assim, mas é um erro pensar que a cosmovisão cristã está atuando apenas quando estamos envolvidos em atividades notoriamente cristãs. Ao contrário, pensemos no evangelho como um par de lentes por meio das quais “enxergamos” tudo no mundo. Os artistas cristãos, quando são fiéis em sua arte, não são motivados unicamente por lucro nem por mero prazer de se expressar; e, por certo, contarão a mais ampla variedade de histórias. Para os cristãos que trabalham no mundo corporativo, o lucro será apenas um de vários resultados; e trabalharão de corpo e alma para qualquer tipo de empresa que sirva ao bem comum. O escritor cristão pode mostrar continuamente o desastre que é transformar qualquer coisa que não seja Deus em foco central da vida, e podem fazer isso até mesmo sem mencionar Deus diretamente.
Abner Arrais