Frutificai #01: O castelo nas nuvens - Então você quer ser produtivo...
Produtividade como um instrumento em vez de um fim.
Van Gogh, Camponeses plantando batatas (1885).
Então você quer ser produtivo.
Viu alguns vídeos no YouTube, leu artigos e descobriu ferramentas que prometem aumentar o rendimento de seu tempo. Mas por que usá-las?
Ser produtivo não significa fazer mais. Somos produtivos quando fazemos o que devemos fazer. Em última instância, queremos ser produtivos porque acreditamos que deve existir uma finalidade para o que fazemos. A produtividade, no limite, é mediada pela visão que temos do propósito de nossa vida.
Em outras palavras, a produtividade não pode ser a razão de nossa vida. Ela é instrumento para nosso telos, "o local que inconscientemente nos empenhamos para alcançar".1 Tim Challies nos lembra disso em seu pequeno mas poderoso livro Faça mais e melhor:2
Produtividade não é o que dará um propósito à sua vida, mas é o que permitirá que você se sobressaia ao viver seu propósito atual.
É preciso ver as ferramentas como ferramentas. Mas também é preciso olhar para nosso propósito: para que vivemos?
James Smith relaciona o telos com a visão que Cosette tem do castelo nas nuvens em Os Miseráveis.3 Não se trata de um conjunto de ideias que temos, mas uma visão do que entendemos ser a "boa vida".
Em seu monumental As fontes do self, Charles Taylor nos lembra que "a identidade e a moralidade, apresentam-se como temas inextricavelmente entrelaçados".4 Aquilo que temos por bem tem a ver com o modo como enxergamos tanto o mapa moral em que existimos como nossa posição nesse mapa. É por isso que como fazer tem a ver com dever fazer, que tem a ver com quem sou.
Não precisamos apenas fazer mais — precisamos fazer mais o bem.
Somos chamados a praticar boas obras (Efésios 2.10), "todas as coisas que fazemos pelo bem das pessoas e para a glória de Deus".5 Estamos acostumados a praticar obras para nós, como evitar o sofrimento e buscar conforto. Boa parte da procrastinação tem a ver com o desejo contínuo da nossa satisfação. As boas obras, porém, existem para o bem dos outros para a glória de Deus.
Quais são as boas obras que você tem deixado de fazer em nome da produtividade? De que modo a compreensão cristã de que o centro de nossa vida é Deus — e não nós mesmos — pode redefinir nossas prioridades e critérios para a seleção de ferramentas de produtividade pessoal?
Faça Mais e Melhor, p. 15.